Naquele rincão ressequido e quente,
Onde o sol castigava a terra agreste,
Havia uma vilazinha, outrora colorida,
Alegria nos festivais, risos pela vida.

Mas nesse dia, era só sombra e descrença,
Sob o céu nordestino, ardente, sem clemência.
Os corações antes cheios de alegria e brilho,
Secavam feito cabaça ao sol, como podia aquilo.

As crianças, sem encanto nos olhares,
Escondiam o brilho, afundadas em seus pesares.
O Natal, que outrora encantava a vila,
Já não tinha mais graça, já não brilha.

Então, uns cabra da peste se uniram, decidiram,
Recuperar a fé, que o calor havia esvaído.
Contaram lendas, versos cheios de encanto,
Transformaram cactos em árvores, com fitas para tanto.

Mas decoração não bastava, precisavam convencer,
Reacender a chama da fé, no coração para renascer.
Então, transformaram palavras em canção,
Para trazer de volta a alegria e emoção.

Aos poucos, os olhares se atentaram,
As crianças sorriram, os mais vividos dançaram.
E nas palavras tecidas, na arte de encantar,
Renascia a esperança, era hora de acreditar.

Com a magia dos poetas e do saber local,
Resgataram lembranças do Natal,
Com histórias de amor, empatia e doação,
Renasceu a chama, reacendeu a paixão.

Assim, entre rimas e causos contados,
A vila reencontrou o Natal, renovados.
E sob o manto estrelado do céu sereno,
Cresceu o valor da bondade, da união, do ameno.

Naquele pedaço de Brasil, tão árido e singelo,
O Natal brilhava de novo, como um anelo.
Com corações unidos na esperança e na fé,
O espírito natalino ressurgia, alegre e de pé.